Estudo da Fiocruz revela aumento de 264% em duas décadas, com impacto de crises e perfil diferenciado das vítimas.
Um estudo alarmante do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi) da Fiocruz Amazônia expõe um aumento preocupante de 264% nas taxas de suicídio por autointoxicação por medicamentos no Brasil entre 2003 e 2022. Publicado na revista científica Frontiers in Public Health, a pesquisa traça um panorama das características das vítimas e dos locais dos óbitos, além de analisar a relação entre o aumento e as crises que assolaram o país no período.
Perfil das Vítimas e Tendências Preocupantes
Os dados revelam um perfil sociodemográfico específico entre as vítimas:
Predomínio de mulheres: 55,5% dos casos.
Faixa etária de 30 a 49 anos: 47,2% dos óbitos.
Raça/cor branca: 53,2% das vítimas.
Região Sul: 22,8% dos registros.
Local de óbito: 67,0% em estabelecimentos de saúde.
Método utilizado: 40,4% com drogas ou substâncias não especificadas.
O estudo destaca que esse perfil difere do observado em suicídios por outros métodos, com destaque para a maior prevalência entre mulheres e na faixa etária de 30 a 49 anos.
Impacto das Crises e Chamada para Ação
A pesquisa aponta para uma relação entre o aumento das taxas de suicídio por autointoxicação por medicamentos e as crises enfrentadas pelo Brasil na última década, especialmente a crise político-econômica de 2015 e a pandemia de Covid-19 em 2020.
Diante desse cenário preocupante, o autor do estudo, o pesquisador da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, ressalta a necessidade de medidas urgentes:
Elaboração de políticas públicas: Com foco na prevenção e no apoio aos serviços de saúde para reduzir esse tipo de morte evitável.
Aprimoramento do atendimento pré-hospitalar e hospitalar: Especialmente nos serviços de emergência, dado o alto número de óbitos em tais locais.
Conclusão
O estudo da Fiocruz serve como um alerta para o aumento alarmante de suicídios por autointoxicação por medicamentos no Brasil. As descobertas evidenciam a necessidade de ações imediatas e direcionadas para prevenir essas mortes e garantir o apoio necessário à população.
FONTE: https://www.cvv.org.br/
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